CARACAS, 8 de julho (Reuters) - As autoridades venezuelanas fecharam estradas no noroeste de Caracas na quinta-feira devido a intensos tiroteios entre as forças de segurança e gangues do crime organizado que, segundo analistas, estão tentando expandir o território sob seu controle na capital. Grupos criminosos fortemente armados se mudaram no mês passado para áreas residenciais e comerciais de favelas nas colinas da cidade, e a violência explodiu nas últimas 24 horas com tiroteios estourando em pelo menos cinco bairros populosos. “As agências de segurança do Estado continuam a ser implantadas nas áreas afetadas por esses criminosos”, escreveu a ministra do Interior, Carmen Melendez, no Twitter. Ela disse que algumas rodovias nas áreas foram fechadas como parte da operação e pediu ao público que ficasse em casa. O governo do presidente Nicolas Maduro não mencionou nenhuma morte como resultado dos confrontos. Ativistas de direitos humanos na área disseram que pelo menos quatro civis foram mortos na quarta-feira e meia dúzia ficou ferida. O ministério da informação não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. Desde janeiro, gangues do bairro Cota 905 vêm tentando expandir seu território para áreas próximas, incluindo La Vega. "Não operamos as cozinhas com capacidade total desde janeiro por causa dos tiroteios quase todos os dias", disse Amelia Flores, 58, que administra duas cozinhas populares na área, principalmente para crianças. "Não sei o que aconteceu, mas nas últimas 24 horas a situação explodiu e as crianças estão traumatizadas." As gangues querem controlar um dos principais corredores que ligam a capital ao oeste do país, disse um ativista de direitos humanos baseado em um dos bairros afetados. “É o mesmo conflito há meses”, disse o ativista, que pediu para não ser identificado por temer represálias. Analistas dizem que as gangues em Cota 905 têm conseguido operar com facilidade, pois é uma zona proibida para as forças de segurança devido a um pacto com o governo para diminuir a violência. Especialistas dizem que as gangues aproveitaram a oportunidade para adquirir poder de fogo de nível militar, como lançadores de granadas, armas de assalto e drones. “Eles usaram o espaço que o governo lhes deu na Cota para se armar, ganhar força e planejar um ataque”, disse Alexander Campos, pesquisador da Universidade Central da Venezuela que estuda violência e política na sociedade. "Eles estão se expandindo do controle dos bairros nas colinas para as partes mais baixas da cidade", disse ele. "É difícil para eles, mas estão ganhando." Ines Cândida, de 56 anos, mora no bairro de classe média El Paraíso, em frente a uma rodovia do bairro Cota 905. Ela disse que as gangues estavam em tiroteios com a polícia todos os dias no último mês, mas ela não tinha visto ou ouvido nada parecido nas últimas 24 horas. "Somos prisioneiros em nossas próprias casas", disse ela por telefone, enquanto tiros implacáveis ​​ecoavam ao fundo. Contatado por telefone em uma igreja no bairro vizinho de El Cementerio, onde ele e outros estavam se abrigando, o padre católico Wilfredo Corniel, 45, disse sobre mais tiros: "Parece que estamos em uma zona de guerra." Fonte: Reuters