Volker Perthes diz que os lados em guerra não parecem querer a mediação da paz, já que fortes confrontos continuam no país. Pelo menos 185 pessoas foram mortas e outras 1.800 ficaram feridas em três dias de combates entre facções rivais no Sudão, de acordo com o representante especial das Nações Unidas para o Sudão. “É uma situação muito fluida, então é muito difícil dizer para onde o equilíbrio está mudando”, disse Volker Perthes na segunda-feira sobre a violência entre o exército e as forças paramilitares lideradas por generais rivais. Falando a repórteres em Nova York via vídeo, ele também disse que os lados em guerra “não estão dando a impressão de que desejam mediação para uma paz entre eles imediatamente”. O súbito surto de violência no fim de semana entre os dois principais generais do país, cada um apoiado por dezenas de milhares de combatentes fortemente armados, prendeu milhões de pessoas em suas casas ou onde quer que pudessem encontrar abrigo, com suprimentos acabando em muitas áreas. A luta pelo poder coloca o general Abdel Fattah al-Burhan, comandante das Forças Armadas, contra o general Mohamed Hamdan Dagalo, chefe das Forças de Apoio Rápido (RSF), um grupo paramilitar. Os ex-aliados orquestraram em conjunto um golpe militar em outubro de 2021. A violência levantou o espectro de uma guerra civil no momento em que os sudaneses tentavam reviver a busca por um governo democrático e civil após décadas de regime militar. Pede trégua Na segunda-feira, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu novamente às partes em conflito do Sudão que “cessem imediatamente as hostilidades”. Ele alertou que uma nova escalada “poderia ser devastadora para o país e a região”. A Casa Branca na segunda-feira também pediu um cessar-fogo imediato para os combates no Sudão, acrescentando: “Lamentamos a escalada da violência em Cartum e em outras partes do Sudão. Pedimos um cessar-fogo imediato e sem condições”. James Bays, da Al Jazeera, informando da ONU, disse que vários atores internacionais estão sendo contados para intermediar um cessar-fogo. “[O enviado da ONU ao Sudão] acredita que a pressão de outros é importante. A União Africana, agrupamento regional IGAD, Liga Árabe, todos esses órgãos estão conversando com vários atores e em particular com os dois generais, tentando obter um cessar-fogo”, disse Bays. “Fala-se de missões de mediação … abrindo caminho como delegações para tentar falar com os generais para tentar obter esse cessar-fogo. “O problema com isso – o espaço aéreo está fechado, as fronteiras estão fechadas e é simplesmente muito perigoso viajar nesta fase. Esforços diplomáticos estão em andamento, mas não estão dando muitos frutos desta vez e claramente isso é profundamente preocupante para o povo do Sudão.” Enquanto isso, o exército do Sudão declarou o RSF um grupo rebelde e ordenou sua dissolução na segunda-feira. Como os combates não davam sinais de diminuir, Dagalo foi ao Twitter para pedir que a comunidade internacional interviesse contra al-Burhan, rotulando-o de “islamita radical que está bombardeando civis do ar”. Em uma rara declaração desde o início dos combates, al-Burhan disse à Al Jazeera no sábado que ficou “surpreso com as Forças de Apoio Rápido atacando sua casa” e que o que estava acontecendo “deve impedir a formação de forças fora do exército”. O sindicato dos médicos do Sudão alertou que os combates “danificaram gravemente” vários hospitais em Cartum e outras cidades, com alguns completamente “fora de serviço”. A Organização Mundial da Saúde já havia alertado que vários dos nove hospitais de Cartum que recebem civis feridos “ficaram sem sangue, equipamento de transfusão, fluidos intravenosos e outros suprimentos vitais”. Fonte: Aljazeera