Argentinos protestaram em frente ao Congresso nesta quinta-feira contra um acordo de 45 bilhões de dólares com o Fundo Monetário Internacional (FMI), com a maioria das pessoas segurando faixas pacificamente enquanto outras atiravam pedras e quebravam janelas enquanto a polícia respondia. Enquanto os parlamentares da Câmara debatiam o projeto de lei, que deve ser aprovado pelo menos parcialmente, milhares de pessoas marcharam pelas ruas da capital, com focos de violência e alguns confrontos com policiais portando escudos. Manifestantes com tambores cantavam enquanto outros seguravam cartazes dizendo "Fora do FMI", "Não ao FMI" e "Não ao acordo com o FMI", uma referência a um acordo de nível de funcionários recentemente firmado pelo governo após mais de um ano de negociações que agora precisa de aprovação do Congresso. Algumas pessoas atearam fogo nas ruas, inclusive queimando bandeiras dos Estados Unidos, enquanto outras colocaram letras gigantescas com a palavra "FMI" envoltas em estrelas e listras, um reflexo de quantas pessoas veem localmente o credor global e Washington, o maior acionista do FMI, como entrelaçados. "É um acordo de colonização, que só pode trazer mais crise, mais ajuste, mais pobreza", disse Romina Del Plá, parlamentar do Partido dos Trabalhadores, de extrema esquerda. A Argentina enfrenta cerca de US$ 18 bilhões em pagamentos ao FMI este ano, que não pode pagar após anos de crise econômica, inflação girando em 50%, reservas em moeda estrangeira cada vez menores e um peso fraco sustentado por controles cambiais. Autoridades dizem que o novo acordo, que substitui um programa fracassado de US$ 57 bilhões firmado em 2018, é fundamental para evitar o calote do FMI. Mas vem com metas econômicas, incluindo reduzir o déficit fiscal do país e cortar os subsídios à energia. O FMI tem uma história manchada no país produtor de grãos da América do Sul, onde muitos ainda o culpam por promover medidas de austeridade que exacerbou uma profunda crise econômica em 2001-2002 que arrastou milhões para a pobreza. O governo de centro-esquerda, que precisa do apoio de parlamentares da oposição para aprovar o projeto, concordou na quarta-feira com um pedido do bloco conservador Juntos pela Mudança para votar apenas no plano de refinanciamento, mas não nas metas econômicas que conteriam os gastos. A porta-voz presidencial Gabriela Cerruti disse em uma entrevista coletiva na quinta-feira que o acordo era a "melhor solução possível para resolver os problemas que não geramos, mas que temos a responsabilidade política de resolver". Fonte: Reuters