A Ucrânia descartou como um truque uma ordem unilateral da Rússia para um cessar-fogo de 36 horas a partir desta sexta-feira, e os líderes dos Estados Unidos e da Alemanha disseram que estão enviando veículos blindados de combate em um reforço para o governo de Kyiv. Espera-se que o pacote de armas dos EUA, a ser anunciado na sexta-feira, inclua cerca de 50 veículos de combate Bradley como parte da assistência de segurança, totalizando cerca de US$ 2,8 bilhões, disseram autoridades americanas. "No momento, a guerra na Ucrânia está em um ponto crítico", disse o presidente dos EUA, Joe Biden, a repórteres. "Temos que fazer tudo o que pudermos para ajudar os ucranianos a resistir à agressão russa." A Alemanha forneceria veículos de combate de infantaria Marder, de acordo com uma declaração conjunta na quinta-feira de Biden e do chanceler Olaf Scholz. Ambos os países concordaram em treinar soldados ucranianos sobre como usá-los, disse. A Alemanha também forneceria uma bateria de defesa aérea Patriot para a Ucrânia, que obteve alguns sucessos no campo de batalha desde a invasão russa em fevereiro, mas pediu aos aliados armas mais pesadas. PROPOSTA DE TRÉGUA O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, rejeitou de imediato uma ordem russa de trégua sobre o Natal ortodoxo começando ao meio-dia de sexta-feira e terminando à meia-noite de sábado. Ele disse que era um truque para deter o avanço das forças ucranianas na região leste de Donbass e trazer mais forças de Moscou. "Eles agora querem usar o Natal como disfarce, ainda que brevemente, para deter os avanços de nossos meninos em Donbass e trazer equipamentos, munições e tropas mobilizadas para mais perto de nossas posições", disse Zelenskiy em seu discurso de vídeo na noite de quinta-feira. "O que isso vai dar a eles? Apenas mais um aumento em suas perdas totais." A Igreja Ortodoxa da Rússia comemora o Natal em 7 de janeiro. A principal Igreja Ortodoxa da Ucrânia foi reconhecida como independente pela hierarquia da igreja desde 2019 e rejeita qualquer noção de lealdade ao patriarca de Moscou. Muitos crentes ucranianos mudaram seu calendário para celebrar o Natal em 25 de dezembro, como no Ocidente. Zelenskiy, falando incisivamente em russo e não em ucraniano, disse que acabar com a guerra significava "acabar com a agressão de seu país ... Isso continua todos os dias que seus soldados estão em nosso solo ... E a guerra terminará quando seus soldados partirem ou nós jogá-los fora." Dmitry Polyansky, chefe da missão permanente da Rússia nas Nações Unidas, foi contundente no Twitter sobre a reação da Ucrânia. "Mais um lembrete com quem estamos lutando na #Ucrânia - criminosos nacionalistas implacáveis ​​que estão prontos para sacrificar seu país e seu povo por causa dos jogos geopolíticos ocidentais e que não respeitam as coisas sagradas", escreveu Polyansky. NENHUMA PAZ Em um telefonema com Zelenskiy na quinta-feira, o presidente turco, Tayyip Erdogan, disse que seu governo está pronto para assumir as funções de mediação e moderação para garantir uma paz duradoura entre a Rússia e a Ucrânia. O presidente russo, Vladimir Putin, disse a Erdogan separadamente na quinta-feira que a Rússia estava aberta ao diálogo sobre a Ucrânia, mas que Kyiv teria que aceitar a perda de territórios reivindicados pela Rússia, disse o Kremlin. O chefe das Nações Unidas, Antonio Guterres, em um evento em Lisboa, disse sobre a oferta de mediação de Erdogan: "Acredito que ainda estamos longe de um momento em que uma negociação séria de paz seja possível." A guerra, descrita por Putin como uma "operação militar especial" para proteger a segurança de seu país, deslocou milhões, matou milhares de civis e deixou cidades, vilas e aldeias ucranianas em ruínas. Em uma atualização na quinta-feira, o gabinete do procurador-geral ucraniano disse que pelo menos 452 crianças foram mortas e 877 crianças ficaram feridas na guerra. Na capital Kyiv e na cidade de Kramatorsk, no leste do país, as pessoas que tentavam cuidar de suas vidas cotidianas durante a guerra rejeitaram o pedido de cessar-fogo de Putin. "Olha, tivemos um Natal católico, a luta continuou", disse Valerii, 30, em Kramatorsk, acrescentando que sua cidade sofreu três ou quatro ataques apenas na véspera de Ano Novo. "A luta nunca para, nem nos feriados, nem nos fins de semana. Então, confiar nele? Não." Em Kyiv, Nataliia Shkolka, de 52 anos, disse: "Estávamos sob tal bombardeio na véspera de Ano Novo. Acho que é apenas hipocrisia da parte de Putin." A luta mais intensa da guerra continua no leste da Ucrânia, com a pior perto da cidade oriental de Bakhmut. Fonte: Reuters