O presidente Vladimir Putin pediu aos bilionários da Rússia nesta quinta-feira que coloquem o patriotismo antes do lucro, dizendo-lhes que invistam em casa para fortalecer a economia diante das sanções ocidentais. Dirigindo-se pessoalmente à elite empresarial da Rússia pela primeira vez desde o dia em que enviou suas tropas à Ucrânia em 24 de fevereiro do ano passado, Putin disse a eles que seu papel não era apenas ganhar dinheiro, mas apoiar a sociedade. "Um empresário responsável é um verdadeiro cidadão da Rússia, de seu país, um cidadão que entende e age de acordo com seus interesses", disse Putin. “Ele não esconde ativos no exterior, mas registra empresas aqui, em nosso país, e não fica dependente de autoridades estrangeiras”. Ele saudou a "alta missão" dos empresários que cuidam de seus trabalhadores e direcionam seus talentos não apenas para extrair lucro, mas também para o bem público. Os bilionários Oleg Deripaska, Vladimir Potanin, Alexei Mordashov, German Khan, Viktor Vekselberg, Viktor Rashnikov, Andrei Melnichenko e Dmitry Mazepin - cujos interesses variam de metais e bancos a fertilizantes - estavam entre os presentes no encontro. Putin disse que queria ouvir suas opiniões sobre como construir uma economia mais dinâmica que levaria a "uma melhoria notável na qualidade de vida das pessoas em todo o país". Embora recebido com uma ovação de pé, ele transmitiu uma mensagem dura aos mais ricos da Rússia: eles precisam pensar mais nas necessidades do país e menos em seus próprios resultados. Quando se encontrou com eles no início da guerra, Putin disse-lhes que não tinha escolha a não ser lançar sua "operação militar especial" - na verdade, forçando-os a uma exibição pública de consentimento. Muitos dos magnatas, conhecidos como oligarcas, foram posteriormente colocados sob sanções pelo Ocidente - algo que Putin usou como argumento de que investir em casa é mais seguro. No mês passado, ele disse a líderes empresariais que os russos comuns não simpatizavam com o confisco de seus iates e palácios. ECONOMIA RESISTE A SANÇÕES O presidente disse na quinta-feira que o que chamou de tentativa de destruir a economia da Rússia com sanções falhou. Mas ele também deu um tom de urgência, dizendo que o país não pode se dar ao luxo de ficar parado. "Entendo perfeitamente as ameaças que estão ocorrendo e o que os malfeitores estão nos dizendo, dizendo que a Rússia terá problemas no médio prazo. Sim, essa é uma ameaça que devemos ter em mente", afirmou. "Peço a vocês que não esperem que essas consequências negativas desse médio prazo cheguem... Vocês precisam agir agora." No sinal mais claro do aumento das demandas sobre as grandes empresas, o governo - diante de um crescente déficit orçamentário - planeja arrecadar cerca de 300 bilhões de rublos (US$ 3,9 bilhões) em um imposto inesperado, embora isso não afete empresas de petróleo, gás e carvão. O ministro das Finanças, Anton Siluanov, disse que o imposto seria fixado em cerca de 5% dos lucros excedentes, informou a agência de notícias TASS. A taxa entrará em vigor legalmente a partir de 2024, mas o Ministério das Finanças espera que as empresas também façam pagamentos este ano, disse ele. A Rússia espera trazer crescimento econômico este ano, após uma queda de 2,1% em 2022. O ministro da Economia, Maxim Reshetnikov, disse ao congresso que o PIB e o investimento cresceriam este ano, mas não deu estimativas. A economia mostrou-se inesperadamente resiliente diante das sanções do ano passado, mas um retorno aos níveis de prosperidade pré-conflito pode estar longe, já que mais gastos do governo são direcionados para os militares. Putin efetivamente colocou grandes partes da economia em pé de guerra, com fábricas de defesa trabalhando dia e noite para produzir armas, munições e equipamentos. Fonte: Reuters