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Economias ilícitas produzem um quinto do PIB da Venezuela

12/09/2022
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A extorsão nos portos, o narcotráfico e o contrabando de gasolina e ouro geram renda de pelo menos 9.400 milhões de dólares por ano, segundo a Transparência. Para entender a Venezuela , é preciso entender como um país petrolífero caiu em uma crise humanitária sem precedentes, faliu sua economia em menos de uma década e passou de um sistema de controles para um capitalismo desenfreado em meio a sanções econômicas. Parte da resposta está escondida na ilegalidade, na renda subterrânea que enriquece uma extensa e diversificada rede de corrupção, cujo valor, a organização Transparência Venezuela calculou em um quinto do PIB do país, segundo um relatório publicado recentemente. Em um ano —segundo esta investigação— a rede de corrupção é capaz de gerar pelo menos 1.900 milhões de dólares com atividades associadas ao contrabando de combustível e 1.800 pela venda ilegal de ouro; 4.919 milhões de dólares para tráfico de drogas em território nacional e cerca de 825 milhões de dólares para extorsão nos portos, revelam os cálculos feitos pela empresa Ecoanalítica para este relatório da Transparência. Apenas os valores desses quatro crimes representam 21,7% do tamanho do PIB do país em 2021, calculado em 43.440 milhões de dólares. Isso está fora do que a corrupção estatal engoliu em casos que chegaram aos tribunais em mais de 22 países, onde foram abertos 116 casos relacionados à corrupção venezuelana envolvendo mais de 64 bilhões de dólares, segundo as investigações da organização. Desde 2012, a Venezuela está entre os cinco primeiros lugares no Índice de Percepção de Corrupção da Transparência Internacional no setor público. Este ano foi o mais corrupto da região, seguido por Haiti e Nicarágua, uma pilhagem que leva a graves violações dos direitos econômicos dos venezuelanos. Isso ocorreu enquanto 90% da população permanece abaixo da linha da pobreza. “A rede de corrupção na Venezuela cresce e se aprofunda. Há relatos de muitos países de confiscação de bens, ouro, drogas e combustível. São crimes visíveis para todos”, diz Mercedes De Freitas, diretora de Transparência, ao EL PAÍS. "Essas atividades têm um peso incrível e não há economia que chegue perto desses valores." Mesmo quando em meio a uma pandemia o governo venezuelano decidiu aumentar o preço da gasolina congelada por anos, o contrabando de gasolina é um negócio lucrativo que aproveita a porosidade das fronteiras e o descontrole que levaram a mais de sete anos de tensões diplomáticas com a Colômbia. O fechamento da fronteira que dura mais de três anos, apesar do recente restabelecimento das relações entre Bogotá e Caracas , ainda protege parte dessa economia nas sombras que vão das garrafas de combustível que são vendidas no varejo a redes maiores, aponta o pesquisador Fora. Até 2018, quando a diferença de preço da gasolina na Venezuela e seus vizinhos na Colômbia e no Brasil era um abismo, o contrabando gerava uma receita entre 1.860 milhões e 2.800 milhões de dólares com o vazamento de 80.000 barris por dia. “Essa rede de contrabando aprende com uma velocidade incrível, é resiliente e consegue gerar novos processos para continuar captando receita pública. Por exemplo: quando o preço da gasolina subiu, a rede se adaptou e começou a vender gasolina da Colômbia na Venezuela”, denuncia. De Freitas e outro pesquisador de sua organização viajaram às minas de El Callao para estudar a fundo a voracidade da mineração no sul do país, onde ONGs locais e as Nações Unidas alertam para o grande impacto social e ambiental da atividade. Em 2016, Maduro decretou que 111.843 quilômetros quadrados, 12% do território nacional, fariam parte do Arco Mineiro do Orinoco, faixa de exploração de recursos, em especial ouro, que segundo as leis deve ser vendido preferencialmente ao Banco Central de Venezuela. . O ouro tem sido a salvação do governo nos anos da queda brutal na produção de petróleo e das sanções econômicas de Washington. Essa exploração é uma caixa preta para decifrar. Segundo as estimativas da Transparência, cerca de 2.000 milhões de dólares em ouro são exportados anualmente, mas em média “apenas pouco mais de 500 milhões de dólares entram nas contas nacionais, ou seja, mais de 75% é comercializado ilegalmente, com o consentimento e participação de funcionários do Estado e órgãos de segurança e defesa”. Grupos irregulares como os dissidentes das FARC e os guerrilheiros do ELN são mencionados neste relatório e outros como parte dessas redes. "Esse ouro sai da Guayana de várias maneiras", explica De Freitas. “Grandes quantidades saem por via aérea, vão para a Colômbia, onde são nacionalizadas como ouro colombiano legal e, portanto, podem ser exportadas legalmente para qualquer país. E isso chega à Turquia, Bélgica ou Holanda”. No campo, a Transparência também descobriu como a dinâmica do crime nas minas, antes controladas por "sindicatos", que atuavam como uma quadrilha criminosa, havia mudado. “Agora não há sindicatos de ouro, mas é chamado de sistema. Tudo o que o Estado deve dar como garantia, as regras para resolver disputas, permissão para trabalhar, é fornecido pelo sistema”, diz o pesquisador. “E isso não aconteceu porque o Estado se retirou de lá. As instituições ainda estão lá, mas é muito complicado saber o que é legal e o que não é. O relatório afirma que as economias ilícitas do país estão em uma "fase simbiótica", de estreita interdependência entre o crime organizado e o sistema político e econômico. Um cenário em que as fronteiras são tênues. “Esta é a fase de maior risco para a democracia, já que a organização se apropria dos símbolos da democracia liberal em um contexto de legalidade eleitoral e legitimidade social, inclusive aquela que as elites econômicas aliadas tradicionais e emergentes podem transferir para ela”, diz o estudo. Fonte: El País

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