O grupo internacional de investigadores independentes conclui sua tarefa após oito anos e as repetidas recusas das autoridades militares aos seus pedidos de informação. Presidente insiste que "não há impunidade". Andrés Manuel López Obrador, presidente do México, voltou a se aliar ao Exército nesta quinta-feira. Diante das acusações lançadas pelo grupo de investigadores que investigaram o caso Ayotzinapa nos últimos anos, López Obrador disse que respeita seu ponto de vista, mas que não o compartilha. O Grupo Interdisciplinar de Peritos Independentes (GIEI) concluiu os seus trabalhos na terça-feira depois de chegar a um beco sem saída que culpa o Exército, por não ter fornecido informações essenciais que pudessem ajudar a esclarecer o desaparecimento dos 43 alunos normais há quase 10 anos. “Não há impunidade, não é verdade que a Marinha e a [Secretaria de] Defesa não estão ajudando. Se houve progressos, é precisamente pela colaboração" destas instituições, "e também pela decisão que tomámos de que a impunidade não é permitida", assegurou o presidente da sua tribuna. O Governo de Morena deu um impulso às investigações com a criação de uma promotoria especial e de uma comissão governamental dedicada ao caso. As novas investigações desmontaram a versão do governo anterior, incluindo a prisão do ex-procurador-geral, Jesús Murillo Karam, e a detenção de vários militares. A nova direção da investigação foi bloqueada no ano passado por diferentes pressões. O GIEI é uma organização que ao longo dos anos tem mantido a confiança dos pais dos desaparecidos e da comunidade internacional. Seu trabalho forneceu raios de luz que iluminaram este caso desde que os estudantes desapareceram nas mãos das forças de segurança do Estado. Os familiares das vítimas solicitaram uma reunião com o presidente depois de conhecer os resultados do último relatório. “O Governo tem de definir de que lado está: se está do lado da mentira do Exército ou se está do lado das famílias e da verdade”, proclamaram. Em sua última entrega de resultados, o grupo, que depende da Comissão Internacional de Direitos Humanos (CIDH), dedica mais da metade do relatório ao Exército. Os investigadores Ángela Buitrago e Carlos Beristáin criticaram, durante entrevista nesta terça-feira, a resistência do Exército em entregar informações, dados que poderiam ter ajudado nas buscas pelos alunos. Esta instituição continua a ocultar ofícios e comunicações internas que o GIEI, graças à existência de outros documentos, sabe que existem. Mesmo assim, a resposta do Exército é sempre a mesma: não conseguem encontrá-los. López Obrador, Comandante Supremo das Forças Armadas, no início de seu mandato de seis anos prometeu ajudar os pais e ordenar às instituições envolvidas que compartilhem as informações necessárias para encontrar a verdade. Agora ele defende que toda uma instituição não pode ser maculada pelo mau comportamento de funcionários do passado. "Instituições são uma coisa e funcionários públicos são outra coisa", disse o presidente. “Estamos avançando no propósito de esclarecer o que aconteceu com os jovens de Ayotzinapa. Há cerca de 115 detidos." Fonte: El País